Infelizmente quando falamos em comunidade LGBT as coisas nem sempre são muito boas nas redes sociais. Há alguns anos, diversos criadores de conteúdos no Youtube por exemplo, e eu sou um deles (inclusive inscreva-se no meu Canal LGBT) sofre diversos problemas em publicar conteúdos sobre LGBTs.
No Youtube, por exemplo, o grande problema é que se você tem um canal monetizado (que gera publicidade e você ganha alguns trocados por isso), ao publicar um vídeo e tanto no título quanto na descrição você citar algo relacionado a LGBTs (lésbicas, gays, bissexuais ou trans) o seu vídeo – automaticamente – é marcado como “inapropriado” para receber publicidade integral de todos os anunciantes.
Triste, não? E por mais que o Youtube se pronuncie publicamente como uma empresa pró-LGBT ao redor do mundo, essa diretriz (segundo ela mesma) é dos próprios anunciantes que não querem sua marca vinculada aos conteúdos mais sensíveis. Então, mesmo que você produza conteúdo para os LGBTs que não seja de cunho sexual, e sim educativo, como é meu caso e de tanta gente, ainda sim, você será penalizado por isso.
Uma forma de driblar isso que muita gente usa é, produzir conteúdo LGBT sem citar LGBTs na fala, no título ou na descrição. Ou até mesmo criando outras linguagens que, por enquanto, não sofrem análise técnica e discriminatória automática do Youtube e também nas ouras redes sociais. Como é o caso de YAG (Gay, ao contrário) e POC (apelido carinhoso dado a um homem gay).
Escrevi tudo isso para contextualizar o motivo da criação da palavra Yag e Poc, usado cada vez mais no Twitter, Facebook, Instagram, Youtube e afins.
E ainda vou além. Como muitos de vocês sabem, sou autor de vários livros com temática LGBT (alguns premiados). Caso não conheça meus livros, leia a sinopse de todos neste link http://fabricioviana.com/livros
Pois bem. Essa censura tecnológica existe e é tão cruel que, quando comecei a escrever e publicar meus próprios livros, eu criei uma mini editora chamada Editora Orgástica: focada em assuntos ligados a sexualidade humana.
No início a editora deu super certo. Com o passar dos anos, muitas pessoas informaram que não conseguiam acessar o site da empresa que trabalhavam porque o sistema interno da maioria delas estava barrando o acesso, dizendo que o site tinha conteúdo erótico.
E o conteúdo era apenas livros.
Sério. Mesmo sendo o site de uma editora de livros, eu tive que mudar todo o nome e site da Editora Orgástica e criar a Bons Livros Editora Digital.
Em outras palavras, parece besteira mas não é. Em pleno 2020, com a maior Parada LGBT do mundo acontecendo aqui no Brasil, ainda temos um bloqueio eletrônico/digital com as letrinhas da sigla LGBT. Mas como resistimos e somos criativos, vamos de POC, Yag e tantas outras que devem surgir. Resistência é tudo nesta vida. E nós LGBTs sabemos exatamente resistir. Sempre.