Com a presença de Walcyr Carrasco, Fabrício Viana, Émerson Maranhão, Jesz Ipólito, Tchaka Drag Queen, Carlos Emílio, Nelson de Oliveira, Mona Gadelha, Sleeping Giants Brasil, diversos artistas e coletivos LGBTs, a FLIDS é um projeto de artes integradas que reúne shows, performances, audiovisual, teatro, saraus, palestras, artes plásticas, oficinas e diversas ações em torno de uma feira literária dedicada à produção LGBTQ+.
A força da literatura está na base das mais diversas criações artísticas: séries de TV, filmes, teatro e até músicas… É na fonte da literatura que todos bebem para desenvolver a arte de contar histórias e elaborar novos conceitos e ideias. Por isso a FLIDS deu um passo diferente e inverteu o lugar comum: normalmente o que se via eram feiras literárias dedicando um pequeno espaço para o tema LGBTQ+ ou, por outro lado, eventos de cultura LGBTQ+ dedicando um pequeno espaço para a literatura engajada nessa temática.
Na FLIDS, é essa literatura que está no centro das atenções, como um grande manancial para artistas de diversas linguagens, para a militância e para o público em geral. Conhecendo, discutindo, interagindo com as obras, ajudamos a pensar e a celebrar essa produção, que merece sair totalmente do armário, das gavetas e das estantes seccionadas das livrarias para ganhar cada vez mais holofotes, debates e, principalmente, leitores.
A FLIDS, assim, é um momento de confraternização e de troca entre agentes da cadeia produtiva do livro, um encontro fraterno e festivo entre editores, autores, artistas de outras linguagens e público, cujo propósito é dar mais visibilidade para essa literatura, colaborando para torná-la ainda mais pujante. Esse é o objetivo da FLIDS: ajudar a ampliar mais e mais os espaços de comunicação sobre a diversidade sexual. Afinal, contar histórias dando protagonismo a personagens LGBTs é uma potente arma de transformação social, na luta por direitos e contra retrocessos. A FLIDS acredita que difundir a leitura é uma das formas mais eficazes de se combater preconceitos, pois a leitura estimula poderosamente a alteridade, a capacidade de se colocar no lugar do outro, a prática da empatia. E a empatia é o passo ético decisivo para que uma sociedade seja capaz de respeitar sua diversidade e avançar de modo mais consciente, inclusivo e igualitário.
Então, o intuito da FLIDS não é de modo nenhum segmentar, muito menos rotular uma literatura, reduzindo sua dimensão artística, mas, pelo contrário, contribuir perenemente para a valorização e o engrandecimento dessa produção. A FLIDS é a primeira a refutar que haja – ou deva haver – uma literatura categoricamente nomeada LGBT, da mesma forma que seria absurdo uma literatura dita feminina ou masculina. Quando assim referimos, é claro que não se trata de uma classificação de gênero, por estilo ou linguagem literária e sim, puramente, uma recorte de tema, aí extremamente significativo. O que pode existir é o inventário de quais obras problematizam questões que interessam diretamente à comunidade LGBTQ+. O sentido é divulgar e promover o como e o quanto essa temática vem sendo desenvolvida pela produção literária em geral, de modo a conferir o quão ela reflete problemas e anseios dessa comunidade. Por outro lado, acreditamos que os diversos grupos LGBTQ+ precisam se unir sempre mais para mais fortalecer sua própria produção cultural representativa, como meio de expressão e luta. E tudo isso tem uma significação que deve ser discutida pela própria comunidade, justamente em experiências como a da FLIDS, que mais que um evento, pretende ser um movimento em prol dessa visibilidade. Assim, a Flids continua em atividade durante todo o ano por meio de diversas ações, principalmente por meio deste site.
Falar de maior visibilidade para essas obras é falar da própria visibilidade dos grupos LGBTQ+. Quanto mais uma comunidade tiver espelhamento na produção cultural, mais reconhecimento e condições ela terá para pensar as questões que a afetam, o país e o mundo. Da mesma forma, debater o tipo de abordagem e a presença da diversidade sexual no imaginário sociocultural é uma tarefa a ser liderada pelos próprios produtores e artistas LGBTs. Encontros como a FLIDS são justamente para favorecer todos esses debates. Além disso, também é necessário festejar a existência e a resistência dessa produção. Por isso, sim, trata-se de uma festa, de uma celebração! Uma festa literária e libertária! Para que mais e mais histórias LGBTs possam ser contadas e, com isso, mais próximo esteja o pleno direito, humanamente tão básico, porém tão árduo para ser conquistado, de se exercer livremente todas as formas do amor.
Conheça mais sobre a FLIDS, visite www.flids.org