Filho do marajá Rajpipla, o príncipe Manvendra Singh Gohil, morador de Gujarat abriu seu palácio para abrigar LGBTs sem-teto.
Localizado em Gujarat, um estado oeste indiano, o terreno separado para os moradores LGBTs vulneráveis tem quase 61 mil metros quadrados. O feito se torna mais notável ainda quando sabemos que na Índia a homossexualidade ainda é considerada crime.
Para quem não se lembra, em 2006, Gohil se tornou conhecido mundialmente após assumir sua homossexualidade a família real indiana. Na época ele foi desprezado por parte da família mas, mesmo assim, não se deixou abater. Foi nesta mesma época que ele fundou uma organização chamada Lakshya Trust, que apoia homossexuais e ajuda a população a ser educada na prevenção de doenças e infecções sexuais, como o HIV.
“Percebi que sentia atração por pessoas do meu próprio gênero aos 12 ou 13 anos, quando comecei a amadurecer sexualmente”, contou Gohil ao jornal Internacional Business Times. “Eu sentia que era diferente dos outros garotos, sentia um conflito interno, mas não entendia que era gay.”
Segundo ele, essa intolerância com a homossexualidade em seu país é fruto da colonização britânica. Afinal, na cultura indiana tradicional, pessoas trans ainda são vistas como pessoas iluminadas. Porém, a homossexualidade consta no artigo 377 do código penal, que condena toda atividade sexual que vá contra a “ordem natural”. Como se essa ordem, de fato, existisse.
Para Fabrício Viana, jornalista, bacharel em psicologia e autor do livro sobre a homossexualidade chamado O Armário, “Muitos países ainda condenam a homossexualidade. Muita destas condenações são frutos de um resíduo histórico das diversas religiões que condenam qualquer prática sexual onde o semen é desperdiçado. Já a ciência sabe que a homossexualidade não é um problema, e sim mais uma vertente sadia da sexualidade humana. Espero que algum dia estas religiões percebam o grande mal que causam aos seres humanos, em especial, as pessoas LGBTs”, comenta Viana.
Na entrevista, Gohil termina dizendo que, no seu abrigo, ele deseja oferecer condições para que estas pessoas LGBTs tenham um empoderamento social e financeiro, para que sejam capazes de saírem do armário.
Publicado originalmente no site da Parada LGBT de SP