Robert Kifer, Arthur Petry, Bianca e Kaio D’Elaqua durante apresentação do programa Tarja Preta FM nesta quinta (24) chamaram Linn da Quebrada de “Troço”. Linn, que já sofre dentro do Big Brother Brasil 22 por ser chamada de “ele” várias vezes, mesmo deixando claro que como travesti deve ser chamada de “ela”, faz emergir um problema social muito mais complexo, danoso e carregado de transfobia.
Ao tocarem no assunto, durante o programa Tarja Preta FM, o grupo não apenas minimizou o caso sobre a troca de pronomes da sister como também proferiram palavras consideradas transfóbicas.
#LGBTfobia: Podcast TarjaPretaFM chama Linn da Quebrada de “Troço”. Que ridículo, não? Leia mais aqui https://t.co/jE1HK8w6SO via @FabricioViana Reprodução vídeo Youtube #tarjapretafm #tarjapreta #transfobia #linndaquebrada #LinnMereceRespeito #LinnaMereceRespeito #BBB22 #bbb2022 pic.twitter.com/ruQ6CD3cTs
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“Acho que tem que parar de chamar [de] travesti e começa a chamar de troço, que aí ninguém vai reclamar”, começa uma das apresentadoras, arrancando risadas dos colegas. Outro continua: “Nesse programa de hoje foi aquele troço lá do BBB”. A apresentadora retoma dizendo que, se fosse chamada de “ele”, não se ofenderia: “Se você me chama de ele, eu só ia falar que não sou. Mas o troço fica bravo gente”, enfatiza ela, dando gargalhadas.
Os outros apresentadores continuam rindo e até tiram sarro dos pronomes neutros. Um deles afirmou não ter obrigação de saber como se referir a ninguém. Eles ainda zoaram o fato de a cantora ter o pronome tatuado “ela” na testa. “E aquele troço lá ainda tem ‘Ela’ tatuada na cara. Acho que deveria ser ainda mais centralizado no rosto porque mesmo assim alguém ainda errou”, diz um dos apresentadores.
“Você tem algum amigo travesti? A gente pode ligar para um deles…”, sugeriu Bia. “Eu não tenho. Se tiver algum traveco, se alguns trans estiverem ouvindo esse programa aqui.. Eu falo com voz engraçada, mas eu não sou homofóbico.. Liga pra gente!”, pediu um dos rapazes.
O mais impressionante é que o Tarja Preta FM tem alguns integrantes do Flow, podcast que, recentemente, teve falas nazistas e o Monark, um dos sócios, já tinha demonstrado ser racista e também homofóbico.
A equipe de Linn da Quebrada informou que o caso está sendo apurado. Já o vídeo no Youtube foi apagado, mesmo assim, diversos usuários estão reportando e pedindo alguma atitude da plataforma de vídeos. Um dos apresentadores do programa, mesmo após repercurssão negativa nas redes sociais, ainda segue debochando de tudo em sua conta do Instagram.
Ao que tudo indica, estes programas são feitos por pessoas que não possuem senso algum quando o tema é respeito ao próximo e respeito à diversidade e as diferenças.
Estamos em 2022. O que mais existe (meus livros LGBTs são uma prova disso), inclusive disponível gratuitamente na Internet, são materiais sobre orientação sexual ou identidade de gênero.
Quando atacam ou usam, de má fé, palavras como “troço” ou “traveco” para se referir erroneamente à pessoas trans, só reforçam o quanto são despreparadas para trabalharem com comunicação e apresentarem um programa, seja ele um podcast, para um público com esta magnetude.
Estudar sobre é sempre o melhor caminho. E parece que eles não fazem isso. Além do desrespeito em si pelo outro. Afinal, não precisa ter estudo pra ter empatia com as pessoas. Empatia e respeito.